domingo, 1 de julho de 2007

DIFÍCIL ARTE DE SABER AMAR

Se tudo fosse: - "Eu te amo. Você me ama?" Resposta: "Amo". Pronto! Seria simples. E foram felizes para o resto da vida.
Quando tal diálogo acontece e duas pessoas percebem que se amam, aí a dúvida e as confusão não terminam.
Começam!
Não está disposto na lei da vida que duas pessoas que se amam, saibam amar.
O normal é as duas não saberem.
Raro é as duas saberem.
O habitual é uma saber e aguentar o rojão pela outra.
Saber amar!
Quanta gente prefere viver com alguém que sabe amar, mesmo que não o ame!
Quanto amor pode brotar da relação com quem sabe amar!
Quem sabe amar, pode até realizar o milagre de acabar recebendo o amor de quem não o ama, ou ama e não sabe.
Saber amar é conhecer o amor como forma de arte.
O amor é apenas um sentimento, enquanto que saber amar é uma criação, visão estética do amor.
Tanto é flor na hora certa, como presente fora de hora.
Saber amar implica conhecer sabedorias que o amor não sabe, como esperar, deixar fluir, não invadir as dúvidas do outro, não abafar nem impedir que a outra parte supere a fossa, a angústia ou a dor que a oprime.
Quem ama desama junto. Quem sabe amar, por conhecer a medida exata dos orgulhos que valorizam o amor, suporta tal sentimento, desde que seja passageiro, é claro.
Quem ama, quando cansa, pode voltar a amar.
Quem sabe amar quando desliga é para sempre.
É mais fácil afrontar a quem ama do que a quem sabe amar.
Este, conhece tanto a importância do seu sentimento, que quando o retira, machucado, incompreendido ou ferido de morte, é para sempre.
Cuidado com quem ama!
Mas cuidado maior com quem sabe amar!
Quem perde um amor perde menos do que quem perde alguém que sabe amar.
Saber amar não é depender. Não é ser servil.
Não é viver agradando. não é fazer o que o outro quer.
Saber amar é ter as reações certas, de compreensão e crítica; é ocupar todo o seu lugar no espaço e no tempo do sentimento e da emoção do outro.
Saber amar é até saber desistir.
Saber amar é aquela parte que, partindo do amor, procura (até encontrar) a parte do outro que um dia saberá amar.
E a encontrando tem paciência, afeto e tolerância.
A menos que descubra que ela não merece.
Porque saber amar é também ter a coragem das renúncias, bravura raramente presente em quem, apenas, ama.