Híbrida
moram em mim mil mulheres:
meninas, jovens, senhoras,
também doces anciãs...
e elas são despudoradas,são loucas,
são desvairadas,são inimigas e irmãs.
e nas brilhantes manhãssão fadas,
são feiticeiras,são alegres,
são faceiras,brincalhonas, folgazãs...
de tarde são jovenzinhas
e nos seus vestidos leves,correm,
velozes e breves,pelas campinas verdinhas
dos sonhos adolescentes...de noite,
viram bacantes,são musas de seus poetas
são delicadas, ascetas,são ardorosas amantes...
de madrugada, estrelas,
esquecem que são donzelas
viram loucas, infelizes...e,
competentes atrizes,tecem na cama,
matizes,palco de suas novelas...
e antes que chegue o dia
se transformam em devotas,
que se perdem nas remotas
orações e romarias...
não têm mais essas manias,
de tresloucadas crianças,
que se balançam nas trançastantas e tantas Marias...
voltam a ser só mulheres
perdidas nos seus passados
cheios de vícios, pesados,
negros e amedrontadores...
mas, na verdade, só querem
curar os seus machucados...
e esquecer os seus pecados,
vivendo novos
amores...
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