quarta-feira, 4 de abril de 2007

Viajante

Caminho sob o fogo, em busca do meu calor,
que se esvai aos poucos em cinzas deixadas
pelos caminhos nos quais queimei por amor,
cinzas foram as marcas de minhas pegadas.
Caminho sob a água em busca de minhas lágrimas sorrateiras,
às quais já não as derrubo mais, pois choro com os olhos vazios.
Pelos mares onde um dia derrubei a gota derradeira,
líquidas foram as marcas de minhas pegadas em mares frios.
Caminho pelo vento em busca de temporais de harmonia
que se fez outrora, e só agora sinto seu acanhamento.
Pelos ventos, quando um dia eu fui a própria ventania,
invisíveis foram as marcas de minhas pegadas no tempo.
Caminho pela terra como vestal em carruagem,
que em infância fez-se um sonho em trilhas de candeia.
Pelas terras, onde um dia fui uma parte da paisagem,
transparentes foram as marcas de minhas pegadas na areia.
Viageira sem destino, rumando em clareiras,
visitante enveredando por vales de sendas altaneiras.
Pelas viagens onde um dia deixei marcas na poeira,
indeléveis serão as marcas que deixarei nessa vida passageira.