quarta-feira, 4 de abril de 2007

O retrato de um drogado

Trágica mão desarma o vício que soletra agora
num enredo dourado na ferrugem da urdidura,
sossega a boca desta velha fuligem que assola
na ira que tropeça em fios da claudicante rasura.


Nada está mais certo, somente o cruel hálito à mercê,
cosendo o linguajar estúpido, gíria que aflora
nesta certidão tão branca e inútil, brilhos, pó e por quê?
Eis, então, amarelecido o retrato frio da penhora.


Assim, caminha descontente a vítima do engano,
rejeitando e fugindo da face que olha tua imagem
à procura do nada, dançando a ginga dos manos
traindo as mãos que arcaram com a morte de tua coragem.


Restos inumanos, infestando as ruas e calçadas,
mente tão vazia e o peito hospedando o desabrigo,
camisa colorida exclamando a idéia drogada,
baseado e fumaça, encarando-nos como inimigos...