quarta-feira, 15 de agosto de 2007

CREPÚSCULO DA SOLIDÃO

O tempo lentamente escorre entre teus dedos...
Sem afetos, teu deserto atravessaste em romarias...
Guardaste no relicário do passado poucos segredos,
agora o mesmo tempo te mostra a conta em dias.
Vergando teus desenganos nesta silente melancolia,
esperas que a lenta contagem seja interrompida...
Mas será este o prêmio de uma corrida sem magia,
um retrato desbotado que levarás de despedida?
Fria e dormente sociedade que muito te discrimina,
sem reconhecer o significado abrangente da velhice...
Nem te permite matizar a alma por tuas fracas retinas
e o que te resta de anseios ela ainda chama de tolice.
Deixa o coração diluir o quanto zombaram de ti,
pois o que colheste de aprendizado é rara sabedoria...
Voar em sonhos não te desmereceu em nada até aqui,
deles te alimentaste e foste traçando tua filosofia.
Quando o amanhã chegar te mostrando o descanso,
sorri para todos que não te deram o merecido valor,
escuta a música de acalanto da tua alma em remanso,
vai ao encontro do teu intenso brilho... seja lá como for.