domingo, 26 de agosto de 2007

Fio da Esperança

Quando pela manhã
O sol se avizinha do horizonte
Lançando fogo na terra
Até então escura qual breu
O dia se sente pulsante
De indescritível energia,
E como jugular estentórea
Açula o ânimo dos pássaros
E das gentes que já caminham
Na direção do trabalho...

Quando o sol se põe pela tarde
Já há um dia inteiro de aventuras
Para se contar:
Conta o menino as traquinices,
Conta a mãe, as peripécias
Do bebê que já engatinha,
Conta o pai vindo do trabalho,
Conta o economista, do mercado
Conta o sambista que ensaia
Os passos no samba-enredo.
Conta a mocinha seus romances
Inda que apenas nos olhares.
Conta o avô as lembranças
Dos tempos de antigamente,
Conta o jovem os últimos
sites e jogos da internet
Conta o doente desenganado
Sobre o fio da esperança
Com o novo medicamento
Que o médico, todo esfusiante,
Disse que fora descoberto...

Se olharmos, com olhos de ver,
Se ouvirmos, comouvidos de ouvir,
Sentiremos que a esperança
Jamais haverá de morrer,
Porque a vida é bela
Mesmo diante da morte dos corpos...

Com a brisa que passa,
Com opipilar dos passarinhos,
Com o sol rompendo as trevas,
Com a chuva molhando a terra seca,
Com a vida estrugindo
Em cada semente que rompe a casca
Com o olhar cadente dos pequeninos
Com a doçura dos lábios
Do ente amado,
Com a candura
Dos olhos enamorados,
Com a vontade deviver
De cada ser que nos circunda,
Descobriremos
Que a vida tem mais que
Um fio de esperança,
Tem o sonho do futuro risonho
Que só a esperança traz!