sábado, 7 de abril de 2007

Diário da pobreza

Fomos os projetos expelidos dentre as mágoas
em descoloradas camadas nos restos do ultraje
adoecido de um reflexo, tal qual este débil traje
desfilando em andrajos à herança que deságua.


Seria um dom poder vencer a força desta apatia,
ou sabe-se lá, secassem os lamentos de minha voz
estancando o fraterno e alquebrado embate algoz
dos corpos coletando a heroicidade nas sangrias...


A violência nasceu de um gesto bem mais antigo,
selando as lágrimas para sempre nos rios de medo,
onde afogadas, jazem, alma, pobreza e os segredos
escondidos pelos desencantos que por ora eu irrigo.


Gotas salobras alimentando os prantos e a vertigem,
tamanha a tontura neste prato cru, sólido e amargo,
dando mais voltas nas revoltas, igual a este embargo
lavrando o meu verbo, meu princípio desde a origem.