terça-feira, 3 de julho de 2007

NASCE ASSIM

Hoje volto no tempo
pois preciso resolver, vez por todas,
aquelas arestas que que não aparei,
que permiti continuarem
a fazer sombra
em cada dia destes meus caminhos,
em cada noite em que o sono
resolve ser a chama da festa,
vibrando na ousadia dos ritmos alucinados,
tentando de toda a sorte
provocar um curto-circuito
nos meus pensares
e evitar que Morfeu me receba...
Em vão os meus esforços,
e me percebo
aplaudindo as primeiras luzes naturais.
Um dia a mais, sem paz...

Não se enterram as mágoas
embrulhadas em colchas macias do perdão.
Não! Mágoas precisam
do furor de ondas dantescas
para levá-las onde o olhar
não mais as alcance,
amarradas à âncoras
que as arraste aos braços de Netuno
para serem dissolvidas nas profundezas,
de onde nem suas sombras se libertem.
Minhas mágoas-arestas
hei de arrancá-las todas,
até que mais nenhuma ouse ferir
sequer o meu pequeno bocejo,
o cerrar de minhas pálpebras
e o meu sonhar, até o sabor
do meu primeiro café.

As flores que plantei
hão de abraçar-me com seu perfume
ao leve ensaio do sol
e eu serei concreta e cúbica
enquanto razão,
abstrata e etérea
nas vezes em que ousar
debruçar meus versos
no dourado encantamento
onde meus sonhos saltitam,
prenhes do novo.
Nasce, assim, mais um poema...