terça-feira, 10 de julho de 2007

ESTRANHA TRANSFORMAÇÃO

Existe um homem meio
estranho em mim...
Aparece algumas vezes
de repente!
Nunca foi dado à bebida alcoólica,
um belo dia pede uma aguardente!
Procura um boteco qualquer,
encosta-se no balcão...
Leva para casa o perfume de
qualquer mulher,
numa estranha transformação!
Despreza o alto luxo de um motel...
Prefere descer ao nível de um bordel!
Daqueles onde as luzes são
vermelhas e suas mulheres
louras platinadas,
desprezam, pela dureza, uma boa
tinta e quebram o galho com água oxigenada!
As morenas meio alouradas,
pintam suas unhas
de vermelho beterraba...
O quarto de assoalho velho,
um guarda-roupa de duas portas...
Uma foto grande do Roberto
na cabeceira da cama!
No criado-mudo, a foto dela,
num dia inesquecível
na praia de Copacabana.
Nada ali combina:
sutiã vermelho, calcinha preta!
Uma barata cortando a parede,
flores artificias numa empoeirada cesta!
Um cigarro vagabundo
em suas trêmulas mãos...
Um toca cds de marca chula,
para ouvir uma canção!
Tira-me para dançar semi-nua...
Uma música brega conhecida
de qualquer rua!
Depois faz amor comigo a noite inteira,
como se fosse dela a vez primeira!
Grita, chora, esperneia...
Desfia das pernas as meias,
daquelas parecidas de arrastão!
Finge comigo o tesão...
Pede que eu pague um Campari
e que eu a chame de Mary!
Chama-me de gostoso,
com aquele cheiro de perfume vencido...
Diz que é largada do marido!
Derrama em prantos sua desgraceira...
Murmura:
- Quero mais amor contigo e
se entrega inteira!
Dorme por muitas vezes, bêbada.
Nem cobra a conta...
O dia amanhece, num céu azul-celeste!
Volta-me o pudor,
postura de bom senhor!
Na mão, boa pasta.
Pudera!
Arrumo a gravata,
o compromisso me espera.