quinta-feira, 12 de julho de 2007

Amor Saudade .. Esperaça

Por uma estrada, um dia, uma criança
Muito loira e risonha, nela andava.
Seu coração, tão cheio de bonança,
O pequenino peito palpitava.
Em uma das mãozinhas segurava um arco de ouro,
E noutra ela traziaSetas douradas,
com que costumava ferir os corações, que sempre via.

A boca cor de rosa, uma canção muito Doce e divina balbuciava.
O canto extasiava o coração.
Era Amor, que cantando, assim passava.
Ele já ia em meio da jornada;
Porém, certa manhã de primavera,
Sentou-se numa pedra dessa estrada,
A meditar no mal que ele fizera.
"Meu Deus!Com essa minha travessura
Não pensei tanto dano assim causar."E tendo a alma repleta de amargura,
Arrependido,Amor pôs-se a chorar..
Nesse instante, porém, uma donzela,
que Tinha as vestes verdes cor do mar,
Parou ali.
E a sua voz tão bela
Procurou o menino consolar.
-"Não chores mais, meu anjo, vem comigo, eu sei o que te causa tanta dor.
É por isso que eu venho ter contigo; Enxuga esse teus olhos, Deus do Amor!"-
"Eu queria saber - disse a criança - O teu nome...Afinal como é então?"-
"Meu nome é lindo, chamo-me Esperança", respondeu-lhe com toda emoção.-"Quero ir contigo, pela estrada afora,
Consolar esses pobres corações; Eles sofrem por tua causa agora e choram as perdidas ilusões".
E os dois partiram, com as mãos unidas, Sorrindo ia a Esperança a consolar.
Caminhavam assim, por avenidas, que Um sol ardente vinha iluminar.
Por muito e muito tempo eles andaram,
Até que enfim, em uma encruzilhada,
Cansados, Esperança e Amor pararam,
Estavam quase ao término da jornada.
Ali tudo era belo...
Bem distante
Erguiam-se montanhas azuladas.
Aos seus pés, a água clara e murmurante
Passava sob as flores perfumadas.
Traído Amor e a Esperança, Embevecidos,o céu de anil ficaram a fitar.
E como ambos estavam distraídos, não Sentiram alguém se aproximar."Aqui estou eu", falou uma voz dolente
Que também traduzia a ansiedade,"Meu nome é triste - disse docemente -
Mas é bem lindo, eu sou a Saudade.
- "Os corações, que tu Amor, feriste,
Agora estão cansados de chorar".- "Tu, Esperança, tanto os iludiste!... Pra que foi que os fizeste em vão sonhar?"-"Ficai!
Que junto aos pobres desgraçados Saberei preencher vosso lugar".-
"Eles hão de sorrir mais consolados; Junto deles eu sempre hei de ficar".-
"E há de então repassar-lhes pela mente o passado, que outrora os fez sonhar.
-"Quem sabe se mais lindo e mais sorridente,
Porque com Saudade hão de evocar!" Assim é a vida.
Amamos e sentimos A Esperança afagar o coração;Porém bem cedo nos desiludimos.
Junto a nós Saudade fica então.