quarta-feira, 18 de julho de 2007

ALMA DE PALHAÇO

Desbotaram as cores,
envelheceram lembranças
da noite para o dia,
ou não?...
Nada mais de utopia ou fantasia
só a realidade nua e fria,
acabou a farsa!
Pincelo com fúria a tela sem vida,
uso cores das angústias sentidas.
Mascaro a pálida face,
uso massa ou argamassa
não quero que ninguém veja,
preciso de um disfarce
que endureça a tristeza.
Cubro de luto o corpo,
vivi por um amor bandido
hoje morto, banido!
Sob o manto do não ser
desvenda-se o não ter,
revela-se o não mais querer,
oposto do que pensei existir
desfaz-se o esforço de tanto insistir,
cai a lona...
Na trincada taça dos sonhos
transborda o sangue da dor,
sorvo da desilusão o amargor
de uma só vez!
Tranco os sonhos no armário escuro
e neste circo desleal e impuro,
amordaço emoções, calo o verso.
Mesmo no reverso, acho forças para sorrir...
Coração trincado em estilhaços,
por fora, matéria feita de aço;
por dentro,
chora minha alma de palhaço...