sábado, 21 de abril de 2007

TEU FLAGELO

Sou penúria que arde em tuas entranhas malfadadas
fazendo de teus passos, desditosos à procura do vazio
consumido o sangue, deixo à mingua no último pavio
e desventro nesta sina a tua dor em só uma talagada.


Sinto o acre cheiro do alheio e vergado pinheiro
subalterno à cruzada sob o negro pálio da mortalha
que aberta na miséria observa e somente achincalha
do caniço açoitado e contorcido pelo abjeto fiandeiro.


Ah, salgo então esta batalha na salmoura da navalha
e me faço neste feudo, poderosa, e cravando o punhal
arranco-te vassalo, e te empalho n'outra face da medalha!


Rebaixo-te assim, aos bueiros onde te aguarda tal açoite
satirizando deste esfalfar agonizante num ditame crucial
lavo as mãos, olho a senzala e sarcástica exclamo: Foi-se!