Vernissage
Canta a voz da espera insensata e sem rosto
trançando o dedo impotente, geme a louca
assassinando o amor no ciúmes da boca,
vai tocando o hino e anunciando o desgosto.
Evoca o brilho e a luz no pingente de contas
e no prisma baila tanto sonho esquecido,
dançando no cenário enfim adormecido
paga à claridade antes que ela se rompa.
Coleia em silêncio omisso a mancha insegura
limpando o andor com as lágrimas salgadas,
lavanda à alma e ao gesso da face pintada,
descascando o verniz da esfumatadura.
Segue à estátua sem trincas gritando o te-deum,
afaga a passagem... floreiras de agruras
desbotam e daquela menina obscura
escoa a seiva à vernizagem que ela inverteu...
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