quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Mestre e Discípulo

O Mestre, o Iniciador ou o Hierofante, era o ser mais experiente
conhecedor das Leis Naturais e transcendentes com a responsabilidade
incumbida pelo "Alto" para repassar o conhecimento e a sabedoria às
pessoas interessadas, mais preparadas e também mais responsáveis em
eras algures no contexto esotérico.

ESOtérico, termo antagônico a EXOtérico e mal interpretado pelas
massas ignorantes (sem pejorativo - ignorar) significam
respectivamente: Eso - fechado, por dentro e Exo - aberto, por fora.
Esotérico se refere a "por dentro do templo" ou o sagrado e Exotérico
a "por fora do templo" ou profano.

Antigamente devido à ignorância das massas e os rigores das leis da
época, era necessário cautela esotérica para se veicular o
conhecimento com responsabilidade para que este não caísse em mãos
erradas e não fosse utilizado para o mal. Neste contexto conceituava-
se: o neófito, o iniciado (discípulo) e o mestre.

Dentro desta hierarquia reinava a reverência e o respeito ao nível da
vida e da morte. As provas eram duras e muitos neófitos desencarnavam
nestas. Documentos e registros antigos indicam que havia uma prova
para cada um dos quatro elementos: água, fogo, terra e ar. Havia
provas projetivas (experiências fora do corpo) e uso de mantras
sagrados.

Até a década de 80 ainda era difícil encontrar informação a respeito
do transcendente em todos os níveis, onde as escolas esotéricas como
as conhecidas Rosacruz e a Gnose eram presentes e opções mais
conhecidas.

Atualmente (século XXI - 2007) tudo isto mudou. Temos correios
confiáveis, telefone e a internet. A informação se abriu, saiu do ESO
para o EXO. O contexto iniciático de outrora não existe mais ou se
existe não é mais necessário. Naquela época o iniciado mudava o nome,
era um ritual que simbolizava a morte do ego e o renascimento de um
novo ser em busca da consciência.

Hoje em dia vemos muitas pessoas adotarem para si nomes iniciáticos.
Até pais batizam seus filhos com nomes "iniciáticos" em cartório como
nome comum. O que antigamente representava a morte do ego (diluição
do orgulho e vaidade e o brotar da humildade), hoje se transformou no
contrário, ou seja, as pessoas se autobatizam a revelia com nomes
iniciáticos e de mantras, os ostentam e se orgulham disto - a morte
da humildade e expansão do ego. Mais uma distorção New Age.

O conhecimento antes ESOTÉRICO, puro e com menos misticismo, após
aberto - EXOTÉRICO, se deturpou, se mistificou e é utilizado como
ferramenta do EGO e com objetivos mais financeiros e menos
conscienciais.

Com as facilidades da internet (sites, blogs, grupos de discussão e
de news gratuitos) e a tecnologia de acesso popular, cada um
interpreta e divulga o conhecimento como pode e deseja com
questionável senso de qualidade, compromisso e responsabilidade
consciencial (transcendental).

É evidente que o direito democrático e o livre arbítrio devem existir
sempre e serem respeitados, mas devem ser filtrados com o
discernimento da cautela chamado pesquisa e estudo, que passam longe
do "achismo" leviano das pessoas.

Então com a abertura das mídias e do conhecimento que estas veiculam,
hoje temos, por exemplo, bastante informação sobre a Viagem Astral
(EFC, OBE, OOBE, experiência fora do corpo, projeção da consciência,
projeciologia, desdobramento, emancipação da alma, viagem espiritual,
etc) dê o nome que quiser.

Aqueles antigos mestres e os antigos discípulos estão bem vivos e por
aqui. São nossos vizinhos. A maioria dos mestres está no plano
extrafísico (dimensão astral) e a maioria dos discípulos e ex-
discípulos estão encarnados trilhando seus caminhos e descaminhos,
cada qual exercendo seu livre arbítrio e seu senso de
responsabilidade (ética e cosmoética).

Então os recursos que temos hoje em dia dispensam o esoterismo do
passado. Assim dispensam o velho sistema de mestre e discípulo
outrora necessário. Alguns discípulos perdidos, inseguros e com
preguiça mental ainda procuram grupos que realimentam este sistema
antigo.

Hoje temos grupos, cursos, lojas, casas, institutos e outros que
ministram cursos abertos a qualquer cidadão que queira estudar
determinado conteúdo transcendente. Noves-fora a arrogância de cada
grupo dizer possuir a "verdade" em forma de falácia ou de franco
absolutismo, são as opções que dispõem os encarnados para estudar e
prosseguir seu caminho evolutivo.

Uma ferramenta indispensável a estes cursos (justamente cobrados ou
justamente gratuitos) são os livros que podemos adquirir na maioria
das livrarias mundo afora. Atualmente o autodidatismo se tornou
obrigação evolutiva já que não temos o velho mestre encarnado em
nossa frente e temos os correios, celulares, internet e a mídia
impressa para buscar o conhecimento e ajudar em nossa evolução
consciencial.

Antigamente o mestre nos dava aquela orientação pessoal. Era um
seleto grupo fechado. Agora são as novas mídias, o autodidatismo, o
discernimento e a vontade do sujeito. Isto quer dizer que nossa
responsabilidade sobre nós mesmos e nosso livre arbítrio aumentou.

A pergunta que cada um deve se fazer é:

1. Eu busco o conhecimento nas mídias que tenho acesso?
2. Se eu busco, eu aplico estes conhecimentos para minha
evolução pessoal e grupal?
3. Sou universalista (mente e coração abertos) e busco o
conhecimento em várias fontes distintas para fazer uma síntese
inteligente ou me bitolo numa escola só detentora da "verdade"?
4. Eu me limito apenas no conhecimento técnico, frio e racional,
no poético, romanceado e mistificado ou na holossomaticidade e
universalismo abrangente de ambos?
5. Ainda sou viciado e dependente na relação mestre x discípulo
ou assumo a responsabilidade por minha própria evolução pessoal?
6. Eu possuo algum nome iniciático que exalta meu ego
espiritualista ou vivencio a atitude espiritualista cosmoética e
responsável de fazer meu trabalho sem ego?
7. Meu objetivo é colecionar técnicas ou buscar sabedoria?
8. Compro livros a metro para encher a estante ou leio conteúdo
buscando nutrir a consciência?
9. Sou viciado na preguiça mental de romances espiritualistas
água com açúcar ou encaro de frente o conhecimento que me obriga a
pensar?
10. Busco a reflexão semanal ou diária dolorosa do
autoconhecimento ou o comodismo injusto da heterocrítica desmedida?
11. Tenho postura e sentimento de sabe tudo (pseudo mestre -
arrogância e empáfia) ou sei aprender e ouvir os outros? OBS.: ouvir
com os ouvidos não é ouvir com o coração.
12. Sou um sugador de conhecimento (vampiro intelectual) ou
agente responsável que repassa o mesmo (agente operoso)?

Muitos autoquestionamentos sadios poderiam ser desenvolvidos, mas por
hora bastam estes para cutucar os brios das consciências adormecidas
pelos egos da atualidade aos antigos iniciados falidos do passado que
hoje são muitos de vocês.