terça-feira, 18 de setembro de 2007

Folha seca

Eu já não sei mais escrever...

O lápis, descaído,
como o braço,
inerte permanece,
do meu lado.

Nada mais brota do fundo.
Sentimento profundo,
mas calado
não mais sabe dizer
palavras doces...
ou mesmo amargas,
tristes,
de saudade.

Tudo é silêncio à minha volta...

A escolta
de etéreas sombras
é a minha companhia permanente...

Demente, apenas sei
chamar teu nome;
com febre, sede,
insaciável fome,
sabendo embora
que não mais me ouves
e que jamais me baterás à porta.

Já não sei mais escrever...

Sou, agora,
triste folha de outono
que o vento faz soprar
sem tempo ou rota:

seca
e
morta.