sexta-feira, 21 de setembro de 2007

CRIANÇAS E A FORÇA

Quais forças ponderam
E influenciam a existência da miséria...
Que ares de inconsciência fizeram
Abrir olhos insones e chorosos
Vestindo trapos,
Dependentes da matéria...
Implorando cama,
Passando drama,
Implorando alimento,
Passando tormento,
Implorando clemência,
Um pouquinho de assistência,
Amor sem dor,
Somente... Somente!
Isto não é uma cobrança,
Pedir não implica cumprir.
Estou falando de consciência
E não há nada que se possa omitir;
Eu estou falando de criança,
Eu estou falando de existência!

Oh Deus
Quem sustenta tanta dor,
Bocas ocas
E barrigas vazias,
Corpos frágeis,
Pele ossos e atrofias?
Quantas mãos carentes!
Quais consciências dormem tranqüilas,
indiferentes, a sono solto,
Insensíveis ao horror de tanto sofrimento,
Apenas para garantir seu posto e poder,
Para sustentar tudo a seu bel prazer.

Será que o reino dos céus
Abrem suas portas
Para sorrisos amarelos?
Será que sobre a ignorância
Sempre haverá um véu?

Crianças existem em todo mundo...
Negras, brancas, índias, ricas pobres,
Crianças analfabetas,
Civilizadas, inocentes,
Indefesas, transparentes.


Em todas as partes do mundo
Mexem-se os dedos do poder,
Manipulando sistemas,
Agarrando fortunas,
Apontando defeitos;
O outro lado da força
Avessa a todos os direitos.

Será que neste mundo
Ainda cabe um paraíso,
Ou se apagarà aos poucos
Este caos profundo,
Com a morte vergonhosa
De cada sorriso?
Será que sobre suas mortes
Só se escreverão tratados médicos?
É difícil pensar em crianças
Penando assim
E falar de amores
Em pequenas linhas poéticas,
Escritos e tratados estéticos.
É difícil dormir tranqüilo,
Sabendo que sem elas
Nosso futuro beira um trágico fim.