sexta-feira, 21 de setembro de 2007

TINTA TRANSPARENTE

A lágrima desmente o que eu sinta...
- Não minta - ela escreve no meu rosto -
E pinta, numa transparente tinta,
Palavras, revelando o meu desgosto.

Um riso tênue tenta despistá-la,
Mas ela, essa lágrima sensata,
Desliza, embora eu tente não chorá-la
E fala de uma dor cruel... e ingrata.

Procuro enxergar alguma luz,
O pranto embaça as formas da saudade
De um tempo que me invade e me seduz...
Meu rosto, quando ri, é sem vontade.

Garimpo a solidão, buscando alento
Nos fatos mais sublimes...diamantes
São pedras preciosas... sentimentos
São flores, não são pedras cintilantes.

Um frio invade, então, as minhas veias
E vai gelando meu interior;
Procuro, em vão, no fundo das bateias
Só um cristal de sonhos... multicor...

Meu coração se fere, quando pulsa;
É como se, no fundo do meu peito,
O amor tratasse a dor com mais repulsa...
O amor só quer, da dor, algum respeito.

Questiono minha vida de poeta...
Eu tenho alguns dons, mas a poesia
Só torna a minha vida mais completa
Se a minha alma não está...vazia.