quarta-feira, 12 de setembro de 2007

HÁ DIAS

Há dias em que tudo é ausência.
Em que buquê de flores é isento de beleza.

Dormência total no corpo e nas entranhas,
tamanhas ânsias que transbordam, líquidas,
não há como contê-las no meu ventre.


Há dias em que seios, mãos, barriga, braços,
são só espaços...
não podem ser transpostos.
E eu, com corpo e mente adormecidos,
embebedados do lascivo vinho
não mais respondo, amado meu, por mim.

Há dias em que o trago de absinto
que tomo em taça amarga de pecado
é fardo leve
é breve auto-retrato
queimado nos incêndios do passado.

Há dias em que tudo é resistência...
e a lucidez se esconde na demência
do meu sorriso, que perdeu-se, gasto,
no descompasso do bandoneon


neste cenário de luzes de neon