quinta-feira, 2 de agosto de 2007

SERÁ QUE EU PRECISO?

Será que precisamos de tudo aquilo que desejamos ter? Você já parou para pensar sobre isso? Eis uma reflexão que necessita de nossa atenção, e que irá colocar em análise muitos de nossos valores. Lembramos de uma passagem narrando que Mahatma Gandhi, depois de ter conseguido a independência da índia, fez uma visita à Inglaterra. Passeava com algumas pessoas pelas ruas de Londres, quando sua atenção foi atraída para a vitrine de uma famosa joalheria. E ali ficou Gandhi, olhando as pedras preciosas e as jóias ricamente trabalhadas. O dono da joalheria imediatamente o reconheceu, e foi até a rua saudá-lo: Muito me honra que o Mahatma esteja aqui, contemplando o nosso trabalho - disse ele. Temos muitas coisas de imenso valor, beleza e arte, e gostaríamos de oferecer-lhe algo. Sim, estou admirado com tanta maravilha - respondeu Gandhi. E, mais ainda, estou surpreso comigo, pois ainda consigo viver e ser respeitado sem precisar usar jóias. Outro espírito muito sábio também se refere a estas mesmas questões. O Dalai Lama, em sua obra "A arte da felicidade", traz observações e apontamentos sobre isso, propondo a seguinte prática: Toda vez que estivermos diante de algo que desejamos adquirir, algo que nos desperte o desejo, a vontade, indaguemos a nós mesmos: será que eu preciso disso? Se nos deixarmos levar por um primeiro impulso responderemos "sim, é claro que preciso", pois ainda não racionalizamos nada. Agora, se pensarmos um pouco mais, e deixar este primeiro ímpeto para trás, conseguiremos descobrir se realmente estamos precisando daquilo. Assim, assegura-nos o líder tibetano que não seremos facilmente seduzidos pelas conquistas materiais, que tendem a querer nos escravizar. Nosso ser é frágil, e ainda acha que precisa de recursos externos para assegurar sua felicidade. A baixa auto-estima, por vezes nos faz procurar no mundo algo que consiga elevá-la. Comprar roupas, carros, jóias, pode trazer uma certa satisfação às nossas vidas, mas ela será apenas momentânea, e logo que o encanto com o novo passe, voltaremos ao nosso anterior estágio de felicidade. O ser que busca a espiritualização, vai encontrar os recursos para construir sua felicidade naquilo que não é matéria, vai encontrar a satisfação nos sentimentos, nas ações nobres que pratique em favor do outro, numa conversa amiga, na contemplação da natureza. O ser que busca a espiritualização precisa rever seus valores, e não ceder aos apelos da mídia e dos modismos, conseguindo assim alicerçar sua felicidade em terreno seguro. O sábio dos sábios um dia ensinou: "não ajunteis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e onde os ladrões arrombam e roubam. Mas, ajuntai tesouros no Céu, onde nem a ferrugem destrói, e onde os ladrões não arrombam e nem roubam. Pois onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração"