O PRIMERO SOPRO
Nas fímbrias do tempo estagnado
Nas frestas que a madeira expõe
No chão liso de madeira encerado
Nas janelas onde o vaso se põe
Na íris da janela mostrando roupa
Nas varandas penduradas ao vento
Na voz que gritando até ficar rouca
Nos mostra que ainda há o alento
É que faço esta minha cantiga amiga
Sem grilhões nem saudosismo
Palavra ao vento levando minha vida
Por esses cantos imensos do mundo
Onde o que reina cerce o fascismo
Cortou e formou o primeiro segundo.
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