Memorial ao riso esquecido
Caminha indene rasgando os risos de papel,
e secando o líquido, sopra o falto nanquim,
restos soltos ante o grafite do manequim,
pó untando o memorial à secura do pincel.
Afagar as asas e a face do frio marfim
esfarelando o giz no sorriso esquecido
de um anjo descorando o rastro umedecido,
apagando a cor de mim, burlando o próprio fim.
Indene, o cinza marfim rasura o próprio céu,
untando a máscara, caminha desde o início
rasgando os risos de papel num precipício
grafitando a face esquecida do mausoléu.
Memorial ao riso incontido espalhando a mó
às poeiras dos papéis no jazigo da estante,
se agora, o branco segue quão branco como antes,
o manequim quebra o giz e, in memoriam, vai só.
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