Solidão no Cio
Conto estrelas para enganar
a taciturna saudade
Bebo o elixir da eternidade,
na taça amarga do viver
Miro a nudez da rua escura
Excito-me com sensualidade da lua,
que acaricia minha mão
e afaga o cio da solidão
Lágrimas agonizantes
descem pelo rosto,
molhadas pelo néctar do desgosto
como um velho terço de rezar
Com olhos de pavor
Fazem uma prece dolente
e começam a chorar
Caem no claustro frio da dor
Chorar por um tempo morto,
em que um sonho torto
afogou-se no mar da ilusão
e caiu na sepultura do coração
Sobre as muralhas do esquecimento,
criva sobras de sofrimento
na éolica turbulência da alma,
pelo frio vento do lamento
De joelhos aos céus imploro,
amaldiçoar o maldito verbo amar,
para nunca mais hastear
o mastaréu flamejante da paixão
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