domingo, 19 de agosto de 2007

Solidão no Cio

Conto estrelas para enganar
a taciturna saudade
Bebo o elixir da eternidade,
na taça amarga do viver

Miro a nudez da rua escura
Excito-me com sensualidade da lua,
que acaricia minha mão
e afaga o cio da solidão

Lágrimas agonizantes
descem pelo rosto,
molhadas pelo néctar do desgosto
como um velho terço de rezar


Com olhos de pavor
Fazem uma prece dolente
e começam a chorar
Caem no claustro frio da dor

Chorar por um tempo morto,
em que um sonho torto
afogou-se no mar da ilusão
e caiu na sepultura do coração

Sobre as muralhas do esquecimento,
criva sobras de sofrimento
na éolica turbulência da alma,
pelo frio vento do lamento

De joelhos aos céus imploro,
amaldiçoar o maldito verbo amar,
para nunca mais hastear
o mastaréu flamejante da paixão