quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Da cabeceira

Da cabeceira da poesia crio asas,
vôo abrindo o céu que sonho
fazendo buracos de paixão,
em meu peito, no meio do peito.


Volto meus olhos ao teto sem fim,
as mãos param noutras mais seguras,
escrevo mais uma página,
declaro o sentimento, ela não me ouve.


Da cabeceira espero o sorriso,
as portas continuam fechadas,
olhares que ainda dormem o ontem
e não enxergam as letras desta manhã.


O sol já vai ao longo do meio-dia,
nenhum sinal daquele corpo de mulher,
nenhum apaixonado como o meu,
enquanto espero, deslizo devagar lençol abaixo.


Da cabeceira volto meus desejos ao ontem,
devoro sonhos que não realizei,
fotos que guardei, retratos que não pintei,
palavras que jamais serão poesias.


Mudei o lado da cama, como se mudasse o sonho,
desenhei uma imagem, sim, agora real,
senti mãos, pele, corpo quente,
da cabeceira, desci afoito pra fazer amor.