quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Acontecimento

Tu choravas e eu ia apagando
com os meus beijos os rastos das tuas lágrimas-
riscos na areia mole e quente do teu rosto.
Choravas como quem se procura.
E eu descobria mundos,
inventava nomes,
enquanto ia espremendo com as mãos
o meu sangue todo no teu sangue.
Não sei se o mundo existia e nós
existiamos realmente.
Sei que tudo estava suspenso,
esperando não sei que grave acontecimento,
e que milhares de insectos paravam e
zumbiam nos meus sentidos.
Só a minha boca era uma abelha inquieta
percorrendo e picando o teu corpo de beijos.
Depois só dei pela manhã,
a manhã atrevida,entando devagar,
muito devagar eacordando-me.
Desviei os meus olhos para ti:
ao longo do teu corpo morriam as estrelas.
A noite partira.
E, lentamente,o sol rompeu no céu da tua boca.