domingo, 11 de março de 2007

DÁI-NOS ALMA, SENHOR!

Lágrima escondida na clausuraDos olhos já cansados do infinito.A que não cura o silêncio e a amargura.Que não é queixa e não emite um grito.

Aquela que não dá trégua e consolo.A que fere, obceca e atormenta.A que não tenta mostrar-se e ficar nuaE faz a pena interminável e lenta.

Cântaros secos a assomar aos olhosEstáticos, vazios e sem brilho.Que enche o coração e o consomeNa dor que chega sem mandar aviso.

Manancial retido na gargantaQue no silêncio do ser não se dilui.Onde não nasce o alívio da esperançaMas sempre vem aos olhos e não flui.

A que não podem ver porque escondidaNa angústia incessante e rotineira.É preciso meu Deus, que haja alma!Mas muitos não têm alma para vê-la.