segunda-feira, 26 de março de 2007

Visão

Olhares que se cruzam nas esquinas da incerteza, perdidos nos caminhos trilhados outrora em dia de glória, errantes e vazios expressando agonia e tristeza, e hoje só resta um olhar insustentável e sem memória. De quem são esses olhos querendo morrer? Olhar que um dia acreditou no ideal da liberdade, e hoje apenas uma lágrima escorre num rosto disforme, ainda ontem desfilava a sentença e a soberba da vaidade, e hoje, olhando em seus olhos, perco-me na visão da sua fome. De quem são esses olhos querendo crer? Conquanto reste uma réstia finita de brilho, doe seu olhar mesmo que doa qual cárcere e escravidão, se nas brumas procura os olhos do Pai, do Espírito e do Filho, ressuscita da morte esse olhar, mesmo que por compaixão. De quem são esses olhos querendo viver?