domingo, 17 de junho de 2007

A FLOR DA MANHÃ

Cortaram pela haste a flor da manhã,
Secou o orvalho e o gosto a hortelã,
Que emanava da terra o seu fragor,
Ficando só o jardim em súbito torpor.

O sol desapareceu a meio à chuva
E as vinhas em ira não deram uva.
Pobre agricultor que fica sem pão,
Porque a horta já não cresce do chão.

Ante a afronta a natureza se rebelou,
Não mais os braços nem o nervo,
Da pobre gente que jazendo se calou.

Quem foi que aqui cometeu tal crime,
Da natureza o seu ilustre acervo,
Vem homem, quem foi, dime, dime?