quarta-feira, 27 de junho de 2007

Epílogo

Uma brisa amaina as horas do sol
que deixa tudo na cor bronze.
Os olhos secos e poeirentos
com força e vigor brilham na face
vincada pelo tempo.
Tempo inclemente,
dia a dia esconde o semblante.
E nos rostos dos passantes procuro uma imagem,
perdida, vaga, farsante,
mas ainda em minha mente.
Lembranças que se esvaem no negrume do vácuo
do silêncio que ameniza as verdades...
Nesta vida tudo é questão de tempo,
nos diferentes tons de branco-saudade.
Escrevo meu epílogo.
Jogo fora os " eus " que carrego.
Sou tantas e são tantos os meus " eus “
que já não os quero, nem recordo.
No espelho vejoeu-viva,
eu-mortaeu-anônima,
eu-passado;
eu-paixão;
eu-grotesca;
eu-funesta;
eu-arrogante;
eu-errante;
eu-passante,
cega, pedinte,
Nenhum eu especial....
Todos à deriva,
meus e pequenos " eus"
presentes e presos no meu grito,
escancarados, esparramados, encurralados " eus ",
eu-sem-saída, trágico epílogo,
eu-sem-final....