quarta-feira, 27 de junho de 2007

Herdeiros dos sonhos

Devaneios de um velho no banco da praça,
engolindo os anseios da agônica fome
pairando nas horas da vida que some
do olhar ancião. Essa morte acenando é graça.


Vai retirante, crava a enxada nesse chão,
recolhe a arroba ordinária dos canaviais.
Às cabeças, cospe o senhor dos animais,
o parco metal é a paga do pobre cão.


Cai à noite tragando a palha e um até quando?
Sobe a fumaça junto à lágrima que sai
consumindo a última força do seu mudo ai.
Em nome do pai e do filho... Vai rezando.


A velhice é cruel e a fraqueza já grassa,
arrasta a dor do corpo e seco de prantos
lembra-se de um homem sentado no banco
que viu o velho tombando na mesma praça.