Herdeiros dos sonhos
Devaneios de um velho no banco da praça,
engolindo os anseios da agônica fome
pairando nas horas da vida que some
do olhar ancião. Essa morte acenando é graça.
Vai retirante, crava a enxada nesse chão,
recolhe a arroba ordinária dos canaviais.
Às cabeças, cospe o senhor dos animais,
o parco metal é a paga do pobre cão.
Cai à noite tragando a palha e um até quando?
Sobe a fumaça junto à lágrima que sai
consumindo a última força do seu mudo ai.
Em nome do pai e do filho... Vai rezando.
A velhice é cruel e a fraqueza já grassa,
arrasta a dor do corpo e seco de prantos
lembra-se de um homem sentado no banco
que viu o velho tombando na mesma praça.
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