sexta-feira, 29 de junho de 2007

Soneto XC

Acalenta-me o mar, sempre o mar...
que longe dele eu já não viveria
pois nunca (eu sei) irá me abandonar
como os amores que eu já tive um dia.

Sou aquela águia que o sobrevoa
ao cair da tarde ou de manhãzinha
embora não pareça, ela voa à toa
nada mais procura, nada se avizinha.

No peito, sob as penas, bate o coração
que já não tropeça nas dores que tinha
diluídas no tempo, quem sabe nas rimas...

Apenas um lugar... a águia o contorna
evita alimentar perdida ilusão
morta pelo descaso, pela traição...