quarta-feira, 27 de junho de 2007

Abandono

Tanto faz estar nessa eterna cruzada,
pois quanto mais eu tento o abandono,
usando a força se levanto essa espada,
abro as trincheiras e vejo o meu carbono.

São os lenços recolhendo o meu pó,
a canseira bebendo a noite desolada,
e a nota presa e enforcada num cipó,
dançando a dança na balança do nada.

Findam as juras ante o brio dos castiçais,
posto em fuga qual covarde entregue ao chão,
chorando às minguas a quebranta dos cristais,
já no fim da linha a ironia deplora o perdão.

Navegando nesse imenso mar de sequidão,
encontro o rumo d’outra estrela em desvario,
ora o azul clareia a noite e beijo a constelação,
então explodem as luzes desse hálito tão anil.

Rompe o leve véu na flor de minha aurora
se amanhece uma brisa fina e encantada,
corro em busca do ponteiro sem a hora,
e na fuga atropelo outra alma apaixonada.