sexta-feira, 9 de março de 2007

Amélia De Hoje

Amélia que era mulher de verdade.
Eu sou apenas uma mulher.
E gostaria de reinvindicar o direito de sê-lo.
Sou vaidosa. Uso baton pra dar cor à minha vida.
Maquiagem para parecer mais bonita.
Não faço tudo com perfeição; alguns fios de cabelo
branco, apesar de todas as tentativas para evitá-los,
aparecem. Uso cremes pra retardar o envelhecimento
e se à noite tenho dores de cabeça é porque me sinto cansada.
Nem sempre estou disponível e pronta e cometo erros.
Me engano, como qualquer outro ser humano normal.
Gosto de roupas, sapatos, jóias, perfumes e flores.
Um minuto de atenção me faz ganhar todo o dia.
Sou sensível, fraca, frágil. Sou forte quando preciso.
Minha única busca: o amor e tudo o que dele resulta:
crianças, trabalho, dia-a-dia e felicidade. Mas vou além:
quero segurança, andar de mãos dadas,
ser pega no colo e ser chamada de rainha.
Minhas lágrimas me traem quando menos espero.
E desespero. Detesto a solidão, a falta de atenção.
Sou impaciente e não gosto de esperar.
Não quero ser objeto e nem ter dono. Sou capaz, por
mim mesma, amando, de me entregar de todo e
ser fiel. Sem amarras, simplesmente por amor.
Posso ferir, como todas as rosas. Mas perfumo também,
dou encanto. Ilumino o amor como só as mulheres
sabem fazer. Compenso, se assim posso dizer.
Há sempre um preço para a felicidade e
tocar nela é aceitar pagar esse preço.
Sou uma Amélia dos tempos modernos. Mais independente,
sabendo o que quer.
E o que quero é ser eu mesma.