sexta-feira, 22 de junho de 2007

Vida

Foi-me doado o amor que divido em dois,
como se fosse desconhecido me apresentei,
ela vestia roupa de ouro, sandálias de prata,
mas era só amor, não precisava de nada.


Coloquei venda nos olhos do meu ontem,
apaguei as falsas belezas que me enganaram,
roubei alguns dos teus amanhãs, disse que era sol,
beijei sim e aqueci, era noite e adormecemos.


Trouxe da mulher a menina assustada pelo escuro,
deitei em minhas pernas e contei-lhe da solidão,
mostrei o olhar de alegria, fiz tocar a terra,
falei do coração que antes era pó e nenhum sentimento.


Tentei falar dos limites, do tempo, das idades,
nascemos como se fossemos borboletas,
em um casulo ridículo, uma casa mal feita,
com um pouco de cor o vento vem e leva pro céu.


Somos um nada e o nada voltaremos a ser,
fazemos amor como se passam os anos,
como água que desce a cascata sem olhar onde vai cair,
somos luz que atravessa a negra noite até o amanhecer.


Não comungue com o proibido, mesmo o beijo,
roube-o se tens vontade, doe se apaixonar,
jamais atravesse o caminho do amor, não pare,
agarre-o, ame-o como é, como se fosse somente teu.


Lá vem a noite e o fim da história,
lá vão os homens carregando cada um uma alça fria,
leva fora a vida para morte, e, o amor fica,
como tudo que é eterno, o homem é o feito proibido.