quinta-feira, 14 de junho de 2007

ESTIAGEM ESTRANHA DA ALMA

Há dias em que a poesia,
como água, escorre entre os dedos
e em silêncio recusa os enredos,
gasturas que a vida nos traz.

Dias de calmaria,
nascidos na indiferença dos tolos,
alimentados pela inutilidade das horas,
plenos de nem sei bem o porquê?

Há dias em que o coração
desgastado pela dança do tempo,
sussurra frases vazias
e já nem quer saber até quando.

Dias de recolhimento e clausura,
por achar que depois daquela porta
as pessoas anestesiadas não percebem
a dor que lhes fustiga a alma.

Há dias que acontecem nublados,
ausência de chuva ou de vento,
onde até o sol vai-se embora
antes do entardecer.

Dias e noites vazias
e o coração do poeta nem se importa,
já não quer saber até quando,
ou se amanhã o sol vai nascer.

Há dias... melhor esquecê-los!
Dias que, na verdade, não contam!
Estiagem estranha de um louco
que de repente recusa o sonho.

Há dias em que a poesia,
como água, inunda o poeta,
que mesmo contra sua vontade,
sobrevive... só não sei até quando,
só não sei bem o porquê!