terça-feira, 12 de junho de 2007

Esta sombra

Meu corpo intercepta a amarelada luz do sol,
derrama pelo esgarçado chão, lambido de pó,
minha sombra distorcida, encolhida, deformada.
As formas não se alinham ao meu porte esguio;
refletem talvez a alma cinza, fria e disforme.
Da janela aberta chegam-me vermelhos odores,
adocicados e atrevidos, das rosas espalhadas
pelos retangulares canteiros, cercados de ripas.
Fito a sombra e me perco nela! Dos meus pés
descalços ela se desprende e não me reconheço.
Por vezes sinto seus esgares, zombarias de mim.
Espero aflita as doze badaladas do relógio,
quando então serei eu mesma, o que conheço,
longe desta sombra que quer me revelar inteira!