quarta-feira, 20 de junho de 2007

AS DORES DE UM ANJO

As dores de um anjo acontecem
quando o semelhante é atingido
quando o mal é assim consentido
e as consciências se entorpecem

Flageladas almas inocentes
no descaso cruel do dia a dia
choram crianças de barrigas vazias
enquanto outros passam indiferentes

Morre um anjo a cada dia passado
morre de angústia e de decepção,
morre à mingua de cada emoção,
em cada coração hoje petrificado.

Não mais anjos, adeus proteção,
adeus acordes de amor e paz,
e a multidão sepultada jaz
escrava consentida de sua ambição.

Morre um anjo, silenciam as trombetas,
menos uma voz de alerta, um atalaia,
e a inimizade pelo mundo se espalha
e as mentes se fazem mais estreitas.

Morre o anjo no peito de alguém,
a inocência se perde em agonia,
morre um anjo, um arauto a cada dia,
morre crucificado em pregos de desdém.

Dores e prantos sacodem os céus,
apaga-se a luz da alma bendita,
crescem as trevas de nossa desdita
caminhamos um pouco mais ao léu.

Quando o último anjo enfim expirar,
que será da incauta humanidade?
onde encontrará a luz e verdade,
para a senda da vida trilhar