segunda-feira, 21 de maio de 2007

Premonição

Partem sofridos, desmentidos da graça que fecunda,
subtrai a terra.


Deuses em adeuses desmistificados
trancam-se em fendas concebidas
sem parâmetros nem medidas,
fazem-se comboios onde a nau perde seu leme;
puro dogma, hipocrisia feudal sobre seres ainda
não gerados pelas tetas de senil crença.


Arrogado pseudolabirinto dissemina o mal
por onde o bem tenta fincar suas raízes,
postura subumana, animais em cio ritmado
preiteando um fim sem ao menos iniciar,
plêiade platônica, imperfeita aclimação recriando
o sim onde o não parece proliferar
em altivos espinheiros, coroando em paradigmáticas
vestes o opróbrio em ascensão.


Cultiva as feridas, lepra maldita que mantém em
cárceres o legado da vida, supremacia prisão,
canta em fúnebre melodia os deportados de
uma liga que mal reconhece a própria feição,
mais um dia e o porvir de glória trazendo a vitória
aos pusilânimes que perfilham em procissão
marchando sobre os destroços que permeiam
as almas ainda vivas derrocadas sem perdão.


Avança túrgido o insensato,
nada mais a fazer além de externar-se
e absorver do absinto putrefato que lhe garante
na acústica negatividade de somente ser
entre os menores, mais um algarismo
a ser adicionado antes da morte remover,
temores na noite que cala o dia,
na vida que seus próprios dias lhe haverão de sorver