segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O TEMPO

Inventamos uma porção de coisas para valorizar o tempo. A mais moderna é o não ter tempo. A vaidade de cada um e a ignorância do grupo, fez da má administração da própria vida esta frase tão corriqueira. E pensamos que ao dizer que não temos tempo, somos pessoas importantes sem perceber que, ao invés disso, somos desorganizados.

“O dia tinha que ter mais de 24 horas”. O dia não tem horas, nós criamos as horas para nos tornar escravos dela.

O tempo não existe. Nós criamos a medição dele para que pudéssemos nos entender no espaço e cronometrar este *espaço-vida# maravilhoso e mal aproveitado entre o *nascimento e o falecimento#.

“O tempo é o melhor remédio” não acreditem nisso. O tempo não apaga nada e, quando pensamos que ele apagou alguma mágoa ou dor, ele apenas tornou esses desalinhos em características que iremos carregar por toda a nossa vida. Afinal, tudo que pensamos ter esquecido transformam-se nas razões que nos farão agir na vida. E por isso adotamos máscaras para que escondam todas as marcas que as convivências e o tempo, com ou sem decisões, nos vão deixando.

“O tempo nos trás a experiência” outra mentira. Podemos ter experiência com nossas respostas as situações que nos aparecem, porém, como somos adeptos aquilo que mais dizemos odiar, a rotina, a experiência fica limitada a três ou quatro maneiras de comportamento emocional.

Como podemos criar experiências nos relacionamentos com outras pessoas que, apesar de vivermos todos sob o jugo da cultura, temos nossas diferenças atemporais e sensoriais?

Que experiência podemos ter quando queremos nos relacionar com pessoas que sejam previsíveis, fáceis de entender? Queremos a rotina e não a surpresa; o aprendizado.

Isso pode nos trazer a confiança na outra pessoa, mas em que lucraremos? Continuaremos a ser pessoas inseguras confiando somente naquilo que vemos e não vivendo aquilo que sentimos.

O tempo não cura feridas, apenas as disfarça para, de quando em vez, traze-las de volta. Quando não a exposição dela, em suas conseqüências em nosso caráter; em nossas decisões; em nossos medos

Se você não souber usar o seu tempo ele passará da mesma forma e a fila andará, queira você ou não.

Para a “posteridade” mensurável, ficarão apenas suas idéias e ações e não seu corpo. Se você não teve tempo para a criatividade e as ações imprevisíveis, não passará de uma estatística resumida em duas folhas de papel que apelidamos de certidões. Nós criamos a mensuração do tempo e ele se tornou nosso algoz e estará sempre no misterioso fim do caminho para nos dizer: Acabou seu tempo.

Portanto, vivamos como se hoje fosse nosso último dia. Sejamos um pouco imprevisíveis para que possamos nos surpreender nos tornando atemporais.