quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

QUASE TUDO

Quase tudo na vida material conspira contra a independência do espírito.
Os interesses imediatos assemelham-se a uma teia que o homem entretece com
as próprias mãos, sentindo-se cada vez mais subjugado.
Os apelos de fora lhe consomem as energias introspectivas.
Em corrida vertiginosa, motivada pelo ter, relega-se o ser a plano
secundário.
Confunde-se o supérfluo com o necessário.
Ao invés de o espírito direcionar o corpo, o corpo direciona o espírito.
A encarnação é gasta em praticamente se atender às exigências conjunturais
de uma existência fictícia.
Sim, porque o homem ambiciona o que lhe é impossível reter, não conseguido
reparar que, aos poucos, a própria vida se lhe esvai...
A luta em favor do desapego é uma luta de titãs.
A diferença entre o espírito e as coisas que o rodeiam é que as coisas
mudam de forma extrínseca e o espírito, intrinsecamente.
Sob este aspecto, sem romper com o convencional, o espírito não progride.
E, quase sempre, os que ousam fazê-lo são rotulados de desajustados pelos
demais.