sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Uma Dose de Bom Ânimo

Ele nasceu no ano de 1904, na Áustria.

Sua infância foi embalada pelas doces valsas vienenses.

Logo seu prazer pela música lhe tomaria horas

infindáveis de estudo.
Tornou-se maestro.
Quando a Áustria foi ocupada pelos nazistas ele,

por ser judeu, foi preso.

Sofreu tantos maus tratos

que quase chegou a desejar a morte.
Foi enviado para um campo de concentração, com

várias costelas quebradas, pela violência com que fora

literalmente jogado no caminhão que o conduzira.
Ele, junto a outros tantos, ficou durante 19 horas

perfilado em um enorme pátio, à espera de que

decidissem o que fariam de sua vida.
Depois de ouvir a voz metálica que lhe assinalava

o destino, a partir de então, ditando normas, regras,

ordens, seguiu para um dos barracões.
Sentou-se e, sem dar-se conta, pôs-se

a assobiar uma canção.

Em pouco tempo, os demais prisioneiros o

cercaram, a ouvi-lo, emocionados.
Ele nunca soube o que o levara a cantar

naquele momento.

Mas, percebendo como a música influenciava o

ânimo dos companheiros de desdita, teve a idéia

de formar uma orquestra.
Havia somente um violino e um violão

em todo o campo.

Contudo, eles construíram outros violinos e, todo

domingo à tarde, durante alguns parcos momentos,

eles podiam se deliciar com os sons retirados

dos rústicos instrumentos.
Embora todos eles considerassem que jamais sairiam

vivos daquele lugar, o maestro colocou música nos

versos compostos por um colega.
Colega que morreria naquele mesmo local de horrores.
Com emoção, a canção tomou conta do campo.
Era como se um sopro de vida renovada enchesse

o peito daqueles homens magros, sofridos, maltratados.
Com lágrimas nos olhos eles cantavam todos os domingos.
Assim foi por todo o tempo em que o maestro esteve preso.
Ele conseguiu ser libertado, graças a providências

tomadas por seu pai.
A mensagem de bom ânimo que espalhou pelo

campo de prisioneiros jamais foi esquecida.

Quando a desesperança parecia invadir a todos,

alguém se recordava da canção e começava

a cantá-la.
De seus anos de cativeiro, o maestro trouxe a lição

de persistir e lutar sempre, realizando o melhor

pelo seu semelhante.

Ainda nos anos noventa, ele, agora na América,

famoso e aplaudido, dedicava-se a levar a música

sinfônica para as escolas públicas, a fim de que as

crianças pudessem, desde cedo, entrar em contato

com os grandes mestres e descobrir os valores da música.
A vida do maestro é uma lição de perseverança

para todos nós.
Bastante idoso, portando no corpo as marcas dos

anos da guerra, ele não deixou de reger, ensinar

e transmitir alegria.
É também lição de que, onde estejamos, sejam

quais forem as condições, se desejarmos fazer o bem,

sempre o poderemos realizar.

* * *
Cada um de nós é colocado no lugar apropriado

para melhor servir.
Muitas vezes, dadas as dificuldades de que nos vemos

cercados, deixamos de operar no bem, justamente

alegando empecilhos e percalços.
Entretanto, a criatura que verdadeiramente mantém

o ideal de realizar o bem ao seu semelhante, o faz,

independente de qualquer circunstância.