terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Pas de Deux

A cama continua arrumada.
O quarto já não exalava o odor
Libidinoso e excitante
Como num desenho de Degas....


Castamente, não demonstrando prazer,
Deixei que devorasse a boca,
Estava anoitecendo,
O lampião aceso,
Quebrando o momento,
Toca o telefone!

Abri os olhos e pela cortina percebi,
O céu vestido de pálido azul,
Ou eram nuvens, cinzas, perdidas,
Como eu, em pensamentos?!

Onde andaria o sol, que ninguém vê,
Essa dúvida me assalta, me deixa perplexa,
Com perguntas, desanimada...

Com olhar procuro ver
O que não mostras, o que não mostro,
Mas que lá está, em algum lugar...

O cisne perde a pose.
A bailarina sem força, desiste.
Fecha-se, ostra, sem pas de deux,
Num balé solo, seca o lago, apaga a vela...