segunda-feira, 10 de dezembro de 2007

Livros e livros

“É melhor conhecer poucas coisas boas e necessárias,
do que muitas coisas inúteis e medíocres”.
O aforisma é de Léon Tolstói, um dos maiores escritores
russos de todos os tempos, e figura em sua obra
“Pensamentos de homens sábios”, de 1904.
Ensinamento de data antiga, mas que sempre será
atual e preciso.
Nos dias de hoje, podemos dizer que é indispensável
para aqueles que desejam uma vida bem orientada.
Outro pensador iluminado, Sêneca, traz uma
outra afirmação deveras interessante:
“Há um número excessivo de livros que existem
apenas para entreter a sua mente.
Portanto, leia apenas aqueles livros reconhecidos
como bons.”
O curioso é que o filósofo Sêneca viveu
entre o ano quarto – antes da era cristã, e o
ano 65 – depois de Cristo.
Suas idéias já desvendavam o futuro também,
por certo, quando teríamos uma infinidade de títulos
à nossa disposição.
Vivemos a época das obras literárias
descomprometidas, escritas de qualquer forma,
escritas por qualquer um.
Títulos e mais títulos enxameiam nas livrarias,
querendo conquistar os leitores com seus temas
provocantes, com suas capas chamativas, com suas
propostas inusitadas.
A literatura transformou-se num grande mercado,
e isso trouxe uma nova realidade para o Mundo.
Em nome de uma suposta “liberdade de expressão”,
temos tudo que se possa imaginar.
Por isso temos que ter cuidado, muito cuidado,
e saber selecionar bem o que lemos.
Existem livros e “livros”.
Obras que se dizem apenas “entretenimento”,
e obras que têm propostas mais profundas e belas.
Temos que ser cuidadosos com os modismos, que
fazem com que vários autores escrevam sobre uma
mesma idéia ao mesmo tempo.
“Revelando isso”; “desvendando aquilo que o
outro já explicou”, etc.
Infelizmente, temos muitos exploradores de temas
momentosos, que alardeiam em suas capas
que irão trazer novas informações, mas que em
verdade são apenas reprises com “caras novas”.
Assim, como a leitura é um grande alimento da alma,
temos que escolher muito bem o que irá compor
esta nossa alimentação intelectual.
Primar pela qualidade e não pela quantidade
faz-se fundamental.
Ler muitos e muitos livros, apenas para ficar “atual”,
ou para dizer que lê “n” obras por mês, é pura vaidade
e perda de tempo.
As obras ricas, os verdadeiros tesouros da literatura,
nunca deixam de ser atuais, e podem ser lidas várias
vezes, e em cada nova leitura iremos encontrar
coisas novas.
* * *
Procuremos educar nosso hábito de leitura.
Procuremos referências seguras e experientes
para decidir o que ler.
Obviamente que uma leitura leve, vez ou outra,
não nos fará mal.
Mas que tenhamos como peças principais
de nossa vida as verdadeiras obras, ricas da arte
de escrever, aquelas que têm o poder de fazer
pensar, de provocar indagações profundas
em seus leitores.
Os grandes livros têm o poder de transformar
os homens, através das idéias que lhes inspiram.