quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Flagelo da alma

Os sonhos foram encarcerados
no recondito do seu coração,
para que não os pudessem roubar.
Na clausura sua alma chorou
tentou o amor abortar.
Matou,definhou,secou.

Padeceu por longas madrugadas
flagelou seu coração
tentou apagar da memória
todas as ilusões, as fantasias,
se fechou no seu mundo
sem nenhuma luz,
sem nenhuma emoção.

Triste, abandonada,sózinha
cumpria sua sentença
no calabouço frio onde se
escondeu do mundo,
em vida se fossilizou
não reagiu,se marmorisou.

A solidão era seu alimento,
transformou em fragmentos
os sentimentos estilhaçados.
Vasculhando os pensamentos
nada encontrava,além de
perdas,tristezas,lamentos.

O rosto tomado pelas rugas
os pés carcomidos pelo chão
de cimento...o corpo outrora
cheio de curvas,belo,torneado
transformou-se,tornou-se
cadavérico, esquelético.

A cada dia uma nova ferida
resultavam feias cicatrizes.
O mártirio do silêncio, a
ausencia de horizontes
desiquilibrou sua mente...
tornou-se louca,demente.

Confundia os instintos
nunca sabia se era noite,se era dia.

Fez da vida um calvário
sepultou-se viva...as saudades
foram assassinos impiedosos.
Queria gritar...não tinha voz
queria chorar,não tinha lágrimas.

O dia amanheceu escuro,
chuva torrencial,ventos fortes.
Raios, relampagos,trovões,
iluminaram a escuridão....
seu espectro jogado no chão
em meio aos seus trapos
a ninguém causou emoção.

Nos redemoinhos da vida
foi dama, foi mundana
filhos não gerou,
não deu nem teve amor.
E nem a si mesmo...amou.