quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

AS JANELAS DOURADAS

O menino trabalhava duro o dia todo, no campo, no estábulo e no galpão, pois seus pais eram fazendeiros pobres e não
podiam pagar um ajudante. Mas quando o sol se punha, seu pai deixava aquela hora só pra ele.

O menino subia para o alto de um morro e ficava olhando para o outro morro, alguns quilômetros
ao longe. Nesse morro distante, via uma casa com janelas de ouro brilhante e diamantes.

As janelas brilhavam e reluziam tanto que ele piscava. Mas, pouco depois, as pessoas da casa fechavam as janelas por
fora, ao que parecia, e então a casa ficava igual a qualquer casa comum de fazenda.

O menino achava que faziam isso por ser hora do jantar; então voltava para casa, jantava seu pão com leite e ia se deitar.

Um dia, o pai do menino chamou-o e disse:

- Você tem sido um bom menino e ganhou um feriado. Tire esse dia para você, mas lembre-se de que Deus o deu, e tente usar
para aprender alguma coisa boa.

O menino agradeceu ao pai e beijou a mãe.

Guardou um pedaço de pão no bolso e partiu para encontrar a casa de janelas douradas.

Foi uma caminhada agradável. Os pés descalços deixavam marcas na poeira branca e, quando olhava para trás, parecia que as
pegadas o estavam seguindo e fazendo companhia. A sombra também seguia ao seu lado, dançando e correndo
como ele desejasse: estava muito divertido.

O tempo foi passando e ele ficou com fome. Sentou-se à beira de um riacho
que corria atrás da cerca de amoeiro e comeu seu almoço, bebendo a água clara. Depois jogou os farelos para os
passarinhos, como sua mãe ensinara, seguindo em frente.

Passando um longo tempo, chegou ao morro verde e alto. Quando subiu ao topo, lá estava a casa. Mas parecia que haviam
fechado as janelas, pois ele não viu nada dourado. Chegou mais perto e aí quase chorou, porque as janelas eram de vidro
comum, iguais a qualquer outra, sem nada de ouro nelas.

Uma mulher chegou à porta e olhou carinhosamente para o menino, perguntando
o que ele queria.

- Eu vi as janelas de ouro lá do nosso morro - disse ele - e vim para vê-las, mas agora elas são só de vidro!

A mulher balançou a cabeça e riu.

- Nós somos pobres fazendeiros - disse -, e não iríamos ter janelas de ouro. E o vidro é muito melhor para se ver através!

Fez o menino sentar-se no largo degrau de pedra e lhe trouxe um copo de leite e um pedaço de bolo, dizendo que
descansasse. Então chamou a filha, da idade do menino; acenou carinhosamente com a cabeça, para os dois e voltou aos seus
afazeres.

A menininha estava descalça como ele e usava um vestido de algodão marrom, mas os cabelos eram dourados como as janelas
que ele tinha visto e os olhos eram azuis como o céu ao meio-dia. Ela passeou com o menino pela fazenda e mostrou a ele
seu bezerro preto com uma estrela branca na testa; ele contou do seu próprio bezerro em casa, que era castanho-avermelhado
com as quatro
patas brancas.

Depois, quando já haviam comido uma maçã juntos, e assim se tornado amigos, ele perguntou a ela sobre as janelas
douradas. A menina confirmou, dizendo que sabia tudo sobre elas, mas que ele havia errado de casa.

- Você veio na direção completamente errada! - disse ela. - Venha comigo, vou mostrar a casa de janelas douradas e você
vai conferir onde fica