sexta-feira, 1 de maio de 2009

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO

Uma solidão inominável, um desejo de me expandir, fugir, fluír, flutuar por esse incrívelmente iluminado céu recamado de estrelas pisca - piscantes, por esse luar argentino que feito magia tece filigranas de prata pelas ruas desertas, por onde caminho, quando uma ou outra nuvem branca, vagando no espaço, turva por instantes, seu brilho, deixando apenas alguns raios que se infiltram, por entre elas... A brisa da madrugada toca levemente, minha pele, arrepiando - a, mas fazendo - me sentir fregrâncias suaves e ouvir longínquos sons que me deixam emocionada... Imagino se será algum seresteiro apaixonado, cantando versos, à sua amada, dedilhando seu violão...

Minha saudade doída, que nunca tem fim, leva - me a lembrar de momentos assim, quando fazias versos e os declamava, a mim... Eu te recompensava com carinhos que te deixavam em chamas, fazendo com que me arrebatasses em arroubos de paixão, e eu me esquecia do mundo, entre teus braços... Tudo que sentia era nossos corpos quentes, nus, ansiosos, vibrando numa mesma sintonia de desejos e sonoros ais, que eram provocados pela intensa paixão, pelo prazer de sermos apenas um, sendo dois, naqueles momentos de fusão mágica, profunda...

Meus sentidos aguçados pelo cheiro almiscarado que emanava do teu corpo, parecia o de uma tigresa no cio e assim eu agia, arranhando - te, mordendo - te carinhosamente, deixando em tua pele alabastrina, leves trilhas e marcas rosadas, como se desejasse tatuar em ti, as marcas do meu amor...

E sob o teu corpo irresistivelmente dominador, eu apenas me contorcia em gemidos de prazer, coleando os quadris como uma serpente se contorcendo, inventando formas de sentir - te dentro de mim com mais profundidade e intensidade... E percebias, e me satisfazias os desejos, me deixando alucinada, preenchendo - me até à alma, com tua rígida masculinidade...

E do louco embalo dos nossos corpos febris, das nossas carícias, do nosso amor, a explosão do êxtase, o mergulho no infinito do prazer sem parâmetro, que nos levava aos umbrais do paraíso...

Hoje, apenas saudades e lembranças desses momentos, presos em algum lugar do passado... Por quê, não sei... Sei apenas que meus lábios sangram a falta dos teus beijos e minh'alma esvaziou - se, meu coração já não entoa melodias felizes, mas um eterno réquiem ao amor que se perdeu no tempo, mas é chama ainda viva, em mim...