terça-feira, 26 de maio de 2009

COMPETÊNCIA E HUMILDADE

No dia 14 de março de 2004, um fato ocorrido em Recife, capital pernambucana, no Hospital da Restauração, o maior pronto-socorro público do Nordeste, se tornou notícia nacional.

A reportagem dizia o seguinte:

“Uma mulher que levou um tiro no coração sai andando do quarto do hospital!” Quem viu a cena ficou imaginando: como é possível alguém escapar vivo de uma situação dessas?

Naquela segunda-feira de carnaval, o cirurgião João Veiga só deveria dar plantão às 4h da madrugada. Mas ele teve insônia e resolveu ir mais cedo para o trabalho. Era pra chegar na unidade de trauma às 4h da manhã. Voltei à meia-noite, contou João.

Uma hora depois, a turista israelense Moran Bomflek deu entrada na emergência baleada no coração, em estado gravíssimo.

Ela não respirava, o coração não batia, a pupila estava dilatada, quer dizer, o cérebro estava sofrendo. Então é morte aparente. Não tinha nenhum reflexo, lembrou o cirurgião.

Um plantonista menos experiente poderia ter dado o caso como perdido. Mas João Veiga, 17 anos de profissão, agiu rápido: abriu o peito de Moran e tentou um procedimento arriscado. Massageou o coração da paciente com as próprias mãos.

Eu só fiz puxar um pouquinho o coração para expor melhor a lesão e fiz dois pontos. Costurei a parte atingida e o coração ficou sem bater. Foi aí que eu comecei o procedimento de massagem cardíaca, ou seja, segurar o coração e ficar fazendo um movimento em torno de dois a quatro minutos, relatou o médico.

A vida da paciente dependia de uma transfusão de sangue, urgente. O tipo de sangue necessário já estava disponível.

Eu tinha pedido, há 20 minutos, sangue para outra paciente que estava estável mas precisava de sangue e quando este sangue chegou para a outra paciente eu usei pra ela. O sangue “o” negativo, que foi fundamental, contou Dr. João.

* * *

Importante lembrar que o médico, que deveria chegar ao hospital somente às 4h da madrugada, teve insônia e resolveu ir logo para o trabalho.

Somente um profissional que ama o que faz é capaz de tomar uma decisão dessas.

Ele poderia ter ficado em casa descansando, assistindo televisão, ouvindo música, fazendo algo para passar o tempo...

Mas ele preferiu ir para o hospital. Diga-se, um hospital público.

Não é de admirar que um homem com tamanha competência e humildade, tenha tanto amparo do alto em suas tarefas.

Por causa da sua extremada dedicação, ele havia solicitado sangue para outra paciente, e isso o ajudou a salvar uma vida.

Sem dúvida, podemos afirmar que não houve sorte nem coincidências. Houve competência e dedicação, aliadas á providência divina.

Acostumado a lidar com casos graves, João Veiga não quer ser tratado como herói.

Mais uma prova de que ele é realmente um grande homem, um profissional competente e um coração generoso.

Ao final da reportagem, João Veiga diz, com simplicidade e sincera humildade: "eu gosto de fazer exatamente isso, foi para isso que eu treinei.”

Somente pessoas verdadeiramente abnegadas conseguem fazer coisas grandiosas com a naturalidade de quem resolve pequenas questões.

Um fato que nos leva a crer que este mundo tem jeito. Que existem profissionais que desempenham suas tarefas com competência e dedicação.

E, acima de tudo, que Deus atende seus filhos através dos seus filhos. Sejam eles médicos, cientistas, agricultores, ou simplesmente um homem bom.

Pensemos nisso!