quinta-feira, 28 de maio de 2009

Minhas Mãos.

Tentei ser pura como a água cristalina.
Suave como a brisa matutina.
Doce como a fragância da rosa.
Manhosa como o regato que corre na montanha.

Mas noto - agora - com o passar do tempo
Uma mudança na rotina de meus gestos.
Só me dei conta ao lavar as mãos....

Minhas mãos!...
Tão rápidas. Tão ágeis.
Com longas unhas vermelhas,
Em flagrante contrate com a pele morena.

Todos os meus dedos mudaram.
Ficaram ousados.
Me perseguem. Chegam primeiro do que eu
Nos lugares. Me desafiam
Com notável desenvoltura!

Minhas mãos estão demasiadamente sensuais.
Talvez fosse por isso que por anos
As mantive com unhas curtas, cativa da tesoura.
Agora, longas e vermelhas, são lascivas!

Tem vida própria.
São marginais de mim.
Marcas do pecado. Da hipocrisia.
Já não as reconheço.
Tão notáveis estão
As minhas mãos!