domingo, 3 de maio de 2009

Apenas Mulher

Ela mal nasce, nem cabelos ainda tem,

e já lhe arranjam lacinhos coloridos

bem colados à carequinha.

Mulher nasce prá ser mais cores entre todas as cores.

Mulher é arco-íris.

Ela mal cresce, mal "desmama" as bonequinhas

e já sai dando colinho para os colegas da escola,

para o amiguinho tristonho, para a mãe carente,

para o papai cansado,

para quem lhe pede abrigo.

Mulher é colo.

Ela adentra a adolescência, chama a atenção dos meninos,

dos "maduros" sonhadores,

dos passageiros de ônibus, motoristas, cobradores

e até do irmão mais velho!

Mulher é tentação.

Quando já passa dos 20, quantas histórias já conta!

Já teve amor malogrado, já teve o primeiro beijo,

o primeiro namorado, despedidas, desencontros,

alegrias inesquecíveis, sucessos, também fracassos.

Mulher é novela.

Vai para os 30, 40, 60...

não crê que alcança os 80!

Quantos amores! Quantas marcas!

Uniões, filhos, empregos, patrões (dentro e fora de casa),

metas alcançadas, tantos desejos frustrados,

tantas palavras já ditas,

muitos silêncios impostos, compreensões,

incompreensões, traições e mil desgostos.

Mulher é história.

E quando ela deixa o mundo, em algum canto do quarto

acha-se um fio de cabelo,

vê-se uma oração à antiga cabeceira,

ouve-se sua canção favorita,

seu confessor travesseiro

e a mancha da última lágrima.

Mulher é saudade.

Mas ela sempre renascerá em outras mulheres,

sempre será o que veio para ser,

sempre cumprirá sua missão de Luz entre os homens,

sempre será apenas e tão somente o que é.

Apenas e tão somente Mulher.