terça-feira, 7 de outubro de 2008

“MENINO DE RUA”

Trôpego

Olhos vermelhos dilacerados

Perdidos no vazio desencontrado.

Arrastado pela fome

No embuste dos seus dias frios

Na falta de amor...

Tão negado!

Lá vai ele

Num arroubo de coragem

Tomar o tanto que lhe falta

Nesse sinal que agora se fecha.

Simula arma inexistente

Brincando com o medo dos outros

Tanto quanto o seu; camuflado.

Gritos não lhe faltam

Rompantes de violências

Numa mescla de maldades.

Um celular,

Um relógio

E poucos cruzeiros

Para abrandar a fome que lhe come por dentro.

Sai em disparada

Ganhando alameda nua e abarrotada

Se escondendo por tempo

Nos braços do viaduto.

Uma “pedra” mais

Para esquecer os desconfortos

Carregado de tantos desgostos.

Depois volta ao seu posto

Enrolado em seus trapos

Para tomar mais alguns trocados

Apossando de um tanto que lhe falta.

Um deslize que não contava

Uma bala que lhe caça

Atinge seu peito com sofreguidão

Queima e lhe joga no chão.

Silêncio que se alastra

Numa noite que lhe abraça

O olhar que se perde

E o menino se despede da avenida

Prometendo não mais voltar.