“MENINO DE RUA”
Trôpego
Olhos vermelhos dilacerados
Perdidos no vazio desencontrado.
Arrastado pela fome
No embuste dos seus dias frios
Na falta de amor...
Tão negado!
Lá vai ele
Num arroubo de coragem
Tomar o tanto que lhe falta
Nesse sinal que agora se fecha.
Simula arma inexistente
Brincando com o medo dos outros
Tanto quanto o seu; camuflado.
Gritos não lhe faltam
Rompantes de violências
Numa mescla de maldades.
Um celular,
Um relógio
E poucos cruzeiros
Para abrandar a fome que lhe come por dentro.
Sai em disparada
Ganhando alameda nua e abarrotada
Se escondendo por tempo
Nos braços do viaduto.
Uma “pedra” mais
Para esquecer os desconfortos
Carregado de tantos desgostos.
Depois volta ao seu posto
Enrolado em seus trapos
Para tomar mais alguns trocados
Apossando de um tanto que lhe falta.
Um deslize que não contava
Uma bala que lhe caça
Atinge seu peito com sofreguidão
Queima e lhe joga no chão.
Silêncio que se alastra
Numa noite que lhe abraça
O olhar que se perde
E o menino se despede da avenida
Prometendo não mais voltar.
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