E O TEMPO LEVOU
Começou como uma brisa suave
Algo manso; sem conseqüências.
Teve o olhar lambendo tanto
O calor dos braços enlaçando
Tomando os corpos de forma tamanha
Que assanhou por todos os cantos.
Quando viram, já havia virado tempestade
Com os estrondos de dois corações
Que retumbaram tal voracidade
Que explodiu toda estrutura.
E aí, nada mais se segurou
Veio a chuva forte
Que alagou tudo por dentro
Numa loucura tão insana
Que se perderam qualquer senso.
Já não existia a noção do tempo:
Era de noite ou de dia
Toda hora se fazia momento
E o desejo escorria em sua insensatez
Numa demência tão crua.
Mas veio o tempo
Assoprando a tempestade
E deixou os olhos dela tão perdidos
Enquanto ele se perdeu no horizonte
Foi levado pela chuva
E nunca mais voltou.
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